Apóstolo

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Cristianismo |
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Na tradição cristã apóstolos (em grego: ἀπόστολος, transl.: apóstolos; lit. "aquele que é mandado em missão") são missionários, enviados por Jesus para pregar o Evangelho em todo o mundo antigo. Durante a vida e o ministério de Jesus no século I os apóstolos foram seus seguidores mais próximos e se tornaram os principais pregadores da mensagem de seu evangelho.
Segundo o Evangelho de Lucas "Ele chamou para si os seus discípulos, e deles escolheu doze, a quem ele chamou de apóstolos" (Lucas 6:13). O fato de terem sido escolhidos 12 discípulos parece ter especial importância, pois alguns estudiosos interpretam como uma referência às 12 tribos de Israel. Vemos entretanto que logo após a ressurreição de Jesus outros homens foram comissionados (enviados) como apóstolos, cumprindo o poder que Jesus deixou à Sua Igreja de falar em Seu nome. São os primeiros presbíteros, ultrapassando o número inicial dos 12 apóstolos.
O termo apóstolo é designado para um trabalho específico dentro da estrutura de cargos da igreja. Prioritariamente, este serviço seria o de expandir a mensagem do evangelho para novas localidades, organizando a vida cristã entre os fiéis. A função é responsável pela fundamentação de questões doutrinárias, em consonância com os ensinamentos de Deus. Um enviado, em missão proselitista.
Intuito missionário
O cristianismo tem por intenção missionar o maior número possível de pessoas. O judaísmo é um sistema de crenças caracterizado por um conjunto de regras de comportamento, algumas das quais são vistas como pouco convenientes para a sua aceitação pelos outros povos (nomeadamente a circuncisão e as regras de alimentação). Por outro lado, o monoteísmo é apelativo para os povos politeístas (ver sociologia da religião de David Hume).
Tanto a crença judaica, quanto a cristã, são monoteístas e apelativas para muitos dos romanos, politeístas. Mas, enquanto os judeus mantiveram as suas tradições religiosas, os cristãos, inicialmente um pequeno seguimento do judaísmo, dispuseram-se a acabar com essas tradições para em contrapartida se tornarem mais apelativos aos gentios. Os apóstolos tiveram, neste contexto, um papel fundamental.
Os apóstolos - especialmente Paulo de Tarso, um homem que não andou com Jesus antes da Sua ressurreição, porém teve experiências extraordinárias, espirituais, quando no caminho de Damasco, o Senhor Jesus lhes apareceu, e a partir daquele momento, ocorreu a transformação e conversão, de Saulo, para Paulo, o maior evangelista que o cristianismo teve e tem, em registros das escrituras, mas que é considerado pelos próprios apóstolos como um apóstolo também, e foi escolhido por Jesus para pregar aos gentios - foram aqueles que receberam a incumbência, do próprio Jesus, de esclarecer aos povos, incluindo os gentios, que não basta seguir à risca um conjunto de regras de comportamento nem realizar rituais (como os judeus acreditavam) para agradar a Deus e receber o seu favor, a sua salvação e que Deus deseja a salvação de todos e não apenas dos judeus; isto permitiu a entrada dos povos gentios neste sistema de crenças então nascente.
Os tempos apostólicos - no sentido estrito do termo - constituem o período de vida dos doze, mais Paulo, da ressurreição de Jesus até à morte de cada um deles.
O sucesso da estratégia incutida ao cristianismo pelos apóstolos é evidente. Enquanto o judaísmo permaneceu uma religião monoteísta transmitida de geração em geração, o cristianismo foi adoptado por outros povos (o Império Romano teve um importante papel na sua divulgação) e cresceu para influenciar a história e cultura da Europa desde então.
Sobre a vida dos apóstolos
O Novo Testamento só registra a morte de um dos apóstolos: Tiago, filho de Zebedeu, que foi executado por Herodes Agripa I pelo ano 44 d.C. (Atos 12:2).
Judas Iscariotes, que traiu Jesus Cristo, fazia parte dos 12, mas perdeu sua designação de apóstolo após trair Jesus, e foi se enforcar, mas não teve êxito, morrendo de outra forma (Atos 1:18).
Os doze
Os apóstolos nomeados em Marcos 3:16–19 são Pedro, Tiago, João, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, um segundo Tiago, Tadeu, Simão, o Zelote e finalmente Judas Iscariotes. As listas de Lucas 6 (Lucas 6:12–16) e Atos 1 (Atos 1:13) não citam um "Tadeu" e sim um "Judas, filho de Tiago" ou "Judas, irmão de Jesus", o que muitos defendem ser dois nomes para uma mesma pessoa, Judas Tadeu. Lucas também traz a história dos Setenta Discípulos, que Marcos 3 (Marcos 3:16–19) não cita. A lista de Mateus 10 (Mateus 10:1–4) é idêntica à de Marcos, embora uns poucos manuscritos ocidentais citem um "Lebeu", um indicativo de que, possivelmente, a lista dos apóstolos "menores" não estava ainda consolidada na época que os Evangelhos foram escritos, principalmente no caso de "Judas Tadeu", uma criação da hagiografia posterior. João não apresenta uma lista consolidada e muitos apóstolos sequer são citados no texto (como é o caso de Mateus, por exemplo). Contudo, ele cita um Natanael, que é geralmente considerado como sendo Bartolomeu.
Marcos afirma que os irmãos Tiago e João receberam o título de "Boanerges", que significa "filhos do trovão", embora muitos acadêmicos modernos discordem desta tradução. Muitas explicações já foram tentadas para o título, mas nenhuma alcançou o consenso. No evangelho vemos Jesus chamar "Simão" de "Pedro" ("rocha") — Mateus 16:18 relata então a fundação da Igreja Católica.
Jesus veio até nós para que a separação entre o homem e Deus pelo pecado de Adão fosse desfeita, por isso quando Ele disse: Está consumado, o véu se rasgou e as pedras do templo se fenderam, mostrando a todos que a presença de Deus estaria a disposição e ao alcance de todos por intermédio de Cristo, pois Ele mesmo fala: Ninguém vem ao Pai a não ser por Mim.
Filipe e André são nomes gregos, assim como Tadeu e Lebeu. Alguns judeus, especialmente de lugares como a Galileia, onde havia uma grande população de gentios, costumavam nomear os filhos com um nome grego e outro judeu.
O segundo Simão é chamado de "kananaios", uma palavra que provavelmente deriva do aramaico "qan'ānā", que significa "zelote". Porém, o significado não é claro, pois a palavra pode ter uma conotação política, significando que ele pertencia a um movimento de revolta contra o Império Romano, mas também um religioso, significando apenas que ele era uma pessoa "zelosa" de seus deveres. Lucas utiliza o termo grego "zēlōtēs".
"Iscariotes" pode ser o sobrenome de Judas ou uma referência ao lugar de onde ele veio, um "homem de Kerioth". Pode ainda ser uma referência aos sicários.
Marcos utiliza o verbo grego "apostolien" ("enviar") quando Jesus nomeia os apóstolos e os "envia" para realizar o trabalho que ele próprio vinha realizando, mas sem ele presente. Muitas igrejas interpretam este versículo como a fundação da igreja, pois Jesus cria um grupo especial de pessoas para trabalhar em seu nome na sua ausência (veja Grande Comissão).
Outros apóstolos
Outros usos
Modernamente, o termo "Apóstolo" também é aplicado a missionários notáveis, que pregavam fora de seu local de origem. Entre eles estão: Martinho de Dume (Apóstolo dos Suevos), Bonifácio (Apóstolo dos Germanos), José de Anchieta (Apóstolo do Brasil), Francisco Xavier (Apóstolo das Índias), Pedro de Betancur (Apóstolo da Guatemala) e Patrício (Apóstolo da Irlanda, onde também se veneram os Doze Apóstolos da Irlanda). Inclui-se neste uso o termo igual aos apóstolos.
No campo teológico, há um sério debate que perdura anos se o apostolado ainda persiste nos dias atuais, entretanto, muitos líderes de igrejas protestantes vêm se autodenominando com o termo de "apóstolo", geralmente por ser o fundador de uma denominação religiosa.