Conclave de 2025

O Conclave de 2025 aconteceu na Capela Sistina, Cidade do Vaticano, para eleger o 267.º Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, sucedendo o Papa Francisco, que morreu em 21 de abril de 2025. Este foi o terceiro conclave no terceiro milênio, após os conclaves de 2005 e 2013.

Ocorreu 17 dias após a sede vacante. Os cardeais eleitores foram convocados para o Vaticano logo após a comunicação oficial da morte do Papa Francisco. Segundo anunciado pelo Vaticano, o conclave começou em 7 de maio de 2025, tendo sido finalizado no dia seguinte, 8 de maio. Foi eleito o cardeal Robert Francis Prevost, que escolheu o nome de Leão XIV.

Antecedentes

Papa Francisco, que morreu em 21 de abril de 2025

Especulações sobre um possível conclave começaram em fevereiro de 2025, quando o Papa Francisco foi diagnosticado com pneumonia bilateral. Ele morreu em 21 de abril de 2025, aos 88 anos, um dia após celebrar a bênção Urbi et Orbi no domingo de Páscoa. A sede vacante iniciou-se imediatamente, com o camerlengo Kevin Joseph Farrell assumindo a administração temporária da Santa Sé e organizando os ritos fúnebres de 22 de abril de 2025 a 30 de abril de 2025.

Durante a sede vacante, os cardeais realizaram Congregações Gerais, presididas por Pietro Parolin, para discutir questões teológicas e administrativas, e Congregações Particulares, lideradas pelo camerlengo com três cardeais sorteados, para assuntos logísticos. As Congregações Gerais ocorreram de 22 de abril de 2025 a 4 de maio de 2025, resultando na definição do início do conclave para 7 de maio de 2025, conforme permitido pelo Motu proprio do Papa Bento XVI de 2013.

Juramento dos oficiais e funcionários

Em 5 de maio de 2025, às 17h30, na Capela Paulina do Palácio Apostólico Vaticano, ocorreu o juramento dos oficiais e funcionários do Conclave de 2025, conforme a Universi Dominici Gregis. Eclesiásticos e leigos, como o secretário do Colégio Cardinalício, médicos e seguranças, juraram sigilo perante o cardeal Camerlengo Kevin Joseph Farrell.

Missa Pro Eligendo Pontifice

A missa Pro Eligendo Romano Pontifice (para a eleição do pontífice) foi realizada na Basílica de São Pedro, na manhã de 7 de maio de 2025, com o objetivo de preparar espiritualmente o Colégio Cardinalício para a eleição do novo Papa, invocando a orientação do Espírito Santo. Foi presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, que não participa do conclave por ter mais de 80 anos.

Procissão, juramento e extra omnes

Após a missa Pro Eligendo Romano Pontifice, os cardeais reuniram-se em oração na Capela Paulina e seguiram em procissão até a Capela Sistina, onde, um a um, prestaram o juramento de sigilo antes do início do conclave.

Após o juramento, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Diego Giovanni Ravelli, pronunciou o extra omnes — palavras que indicam a saída de todos os que não são cardeais eleitores da Capela Sistina. As portas da capela foram então fechadas.

Regras eleitorais

O conclave é regido pela Constituição apostólica Universi Dominici Gregis (1996), complementada pelos Motu proprio de Papa Bento XVI (2007 e 2013) e pelo Código de Direito Canônico. Os cardeais eleitores permanecem em clausura na Capela Sistina para as votações e hospedam-se na Casa de Santa Marta, sem acesso a televisão, rádio ou telefone.

Cada cardeal eleitor tem direito a um voto, independentemente de sua ordem cardinalícia. Abstenções e votos em si próprio não são permitidos. Os votos são secretos, registrados em cédulas (com a inscrição na parte superior Eligo in summum pontificem ou Elejo como Sumo Pontífice e o espaço para o nome do escolhido), com recomendação de disfarçar a letra e depositados em uma urna. Três cardeais são escolhidos para a contagem dos votos. Após a contagem, os boletins são cosidos e queimados, produzindo fumaça negra (votação inconclusiva) ou fumaça branca (eleição concluída), visível na Praça de São Pedro. A eleição exige uma maioria de dois terços dos votos dos presentes. No primeiro dia, há apenas uma votação. Nos dias seguintes, ocorrem duas votações matutinas e duas vespertinas. Se após quatro dias não houver escolha, o quinto dia é reservado para oração e reflexão, com votações retomadas em ciclos de três dias e um de oração. Após 34 votações sem resultado, apenas os dois cardeais mais votados são elegíveis, mantendo-se a maioria de dois terços.

Após a Sétima Congregação Geral, foi definido que 133 dos 135 cardeais eleitores participariam, exceto Antonio Cañizares Llovera e John Njue, ausentes por motivos de saúde. O cardeal Giovanni Angelo Becciu renunciou à participação, respeitando a vontade do Papa Francisco.

Condução do Conclave

Capacidade eleitoral e presidência

Apenas cardeais com menos de 80 anos na data da sede vacante (21 de abril de 2025) podem votar. Em 21 de abril de 2025, o Colégio dos Cardeais contava com 252 membros, sendo 135 eleitores (menos de 80 anos) e 117 eméritos (80 anos ou mais). A bula Romano Pontifici Eligendo (1975) limita os eleitores a 120, mas a Sétima Congregação Geral confirmou que 133 dos 135 elegíveis participarão, exceto dois ausentes por motivos de saúde.

Qualquer homem batizado, maior de idade e não casado, conforme os preceitos católicos, é elegível para o papado. No entanto, desde o Conclave de 1389, os eleitos têm sido apenas cardeais eleitores. A bula In Nomine Domini (1059) permite a escolha de um candidato de outra igreja, caso não haja um adequado na Igreja Romana.

A presidência do conclave cabe ao decano do Colégio dos Cardeais ou, se este não for eleitor, ao cardeal-bispo eleitor de maior precedência. Como Giovanni Battista Re e Leonardo Sandri têm mais de 80 anos, Pietro Parolin presidiu. Luis Antonio Tagle, o segundo cardeal-bispo eleitor, assumiu funções secundárias na ausência do vice-decano.

Cardeais eleitores

Dos 135 cardeais eleitores, 133 participarão, com duas ausências confirmadas. A distribuição geográfica, baseada em dados do Colégio Cardinalício, é a seguinte:

Eleitores por país:

Ausências

Duas ausências foram confirmadas, dos cardeais Antonio Cañizares Llovera e John Njue, ambos por motivo de saúde.

Tendências do conclave

A chaminé e o incinerador utilizados na Capela Sistina para queima dos votos.

Após o longo pontificado de Francisco (2013–2025), os cardeais podem optar por um papa mais velho para um pontificado de transição, como ocorreu no Conclave de 2005 com Papa Bento XVI. Alternativamente, a diversidade do Colégio Cardinalício, com eleitores de 71 países, aumenta a possibilidade de um papa não europeu, refletindo a crescente presença católica na África, Ásia e América Latina, onde vivem 52% dos católicos.

Cerca de 80% dos eleitores foram nomeados por Francisco, sugerindo uma inclinação para a continuidade de sua abordagem pastoral e reformista. No entanto, divisões entre facções conservadoras e progressistas podem influenciar a escolha. A habilidade em italiano, essencial para a administração da Cúria Romana, e a experiência pastoral em grandes dioceses são fatores relevantes.

Especulações e papabili

Especulações sobre o sucessor de Francisco intensificaram-se em 2024, com sua saúde fragilizada. Os cardeais podem eleger qualquer homem batizado e não casado, mas desde 1389 escolhem um cardeal eleitor. Observadores destacam alguns como papabili, embora a eleição de um não papabile seja comum, como Papa João XXIII (1958), Papa João Paulo I e Papa João Paulo II (1978). Entre os mais citados estão:

  • Pietro Parolin (Itália), Secretário de Estado, conhecido por sua diplomacia;
  • Matteo Maria Zuppi (Itália), Arcebispo de Bolonha, notado por sua pastoral e mediação em conflitos;
  • Robert Sarah (Guiné), ex-Prefeito da Congregação para o Culto Divino, associado a posturas conservadoras;
  • Luis Antonio Tagle (Filipinas), Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização, próximo aos pobres.

Outros cardeais mencionados incluem:

Edward Pentin, em The Next Pope (2020), listou 19 papabili, alguns dos quais ultrapassaram 80 anos e não votarão, mas podem ser eleitos:

Conclave

As portas que conduzem à Capela Sistina (fotografada em 2014) foram fechadas às 17h46 do dia 7 de maio

7 de maio

Em 7 de maio, o conclave para eleger o sucessor de Francisco teve início. A missa pro eligendo Pontifice foi celebrada às 10h (CEST) na Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais. Em 5 de maio, todo o pessoal de apoio, incluindo sacristãos, equipe médica, operadores de elevadores e o diretor de segurança do Vaticano, prestou juramento de sigilo.

Às 16h30, o conclave começou oficialmente com uma oração na Capela Paulina, seguida pela procissão dos 133 cardeais eleitores até a Capela Sistina. Lá, foi entoado o hino Veni Creator Spiritus, e os cardeais prestaram juramento de segredo. Cada cardeal, em ordem de antiguidade, jurou sobre os Evangelhos em latim:

> Et ego [nome próprio] Cardinalis [sobrenome] spondeo, voveo ac iuro. Sic me Deus adiuvet et haec Sancta Dei Evangelia, quae manu mea tango.

Tradução: "E eu, [nome] Cardeal [sobrenome], prometo, juro e asseguro. Que Deus me ajude e estes Santos Evangelhos que toco com minha mão." Alguns cardeais usaram formas latinas de seus nomes.

Às 17h46, Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas, pronunciou o extra omnes, ordenando que todos os não eleitores deixassem a Sistina, e as portas foram fechadas. O cardeal Raniero Cantalamessa conduziu uma meditação de 45 minutos, exortando os cardeais a seguir a "reta via" e cumprir a vontade de Deus.

A primeira votação ocorreu, mas não alcançou a maioria de dois terços, resultando em fumata nera (fumaça preta) às 21h01. Até 45.000 fiéis estavam na Praça de São Pedro às 18h40.

8 de maio

Sessão da manhã

O segundo dia do conclave começou com duas votações, às 10h30 e 12h. Nenhuma alcançou a maioria de dois terços, resultando em fumaça preta às 11h51. As cédulas de ambas as votações foram queimadas juntas, conforme o procedimento usual. Após as votações, os cardeais retornaram à Domus Sanctae Marthae para almoçar, com nova votação marcada para as 16h30.

Sessão da tarde

Na terceira sessão de votação do conclave de 2025, o novo Papa foi eleito. A fumaça branca apareceu da chaminé da Capela Sistina por volta das 18h08, indicando que a maioria de dois terços necessária foi alcançada.

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Às 19h14, foi anunciado o nome do escolhido: Robert Francis Prevost, Papa Leão XIV (Leo Decimus Quartus), primeiro Papa estadunidense e membro da Ordem de Santo Agostinho da história.

Notas e referências

Ligações externas

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